4.20.2010

ILHEUS OS IMPACTOS NO SEU NOVO PORTO/DANOS A BIODIVERSIDADE

O atracadouro da devastação

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Notícia - 16 abr 2010
Em audiência que debateu os impactos de um novo porto em Ilhéus, Greenpeace aponta para os danos à biodiversidade local. O porto pode muito bem ser feito em outra região.
Ilhéus (BA) – A audiência pública sobre o licenciamento do Terminal da
Bahia Mineração (Bamin), parte de um complexo de transporte que envolve
ferrovia e atracadouros conhecido como Porto Sul, começou atrasada por
causa das fortes chuvas que caíam sobre o sul da Bahia. O aguaceiro, no
entanto, não afastou a audiência. Quando os trabalhos foram abertos, o
auditório estava lotado. O encontro durou quase 12 horas e nele houve de
tudo. Claque da empresa formada por gente que nem sabia por que estava lá,
depoimentos emocionados de pescadores que serão afetados pelo projeto e
discursos inflamados.

Ao fim da reunião, marcada por várias manifestações do Greenpeace
contra a instalação do Porto Sul numa região que o Ministério do Meio
Ambiente define como prioritária para a conservação da biodiversidade,
ficou clara a oposição local à obra.

“A região de Ilhéus e Itacaré repersenta um importante potencial para
o desenvolvimento do turismo sustentável como o de observação de
baleias”, diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do
Greenpeace, que acompanhou a audiência.

Estiveram presentes representantes da Bamin, IBAMA, governo da Bahia,
cidade de Ilhéus, Ministério Público Federal, organizações
não-governamentais e a população local. O objetivo da audiência foi
debater os impactos sócio-ambientais do Porto Sul. Atualmente, comunidades
da região vem sendo bombardeadas por propagandas da Bamin.
O Greenpeace, aliado à organizações da região, questionou os efeitos do
projeto na biodiversidade e na vida de quem depende dela para seu sustento.
Essas são, aliás, questões que a Bamin não consegue responder.  É
evidente que a devastação que obrigatoriamente terá que acontecer na
região para prepará-la para abrigar o complexo do porto tem tudo para
afetar o turismo, a pesca e as matas que crescem na área de implantação
do projeto. No primeiro caso, a Bamin não explica como um porto continuará
atraindo turistas que vão ao local em busca de praias e natureza. Nos
outros dois, ela mantém, igualmente, a boca fechada.

Eduardo El-hage, procurador federal, arrancou aplausos da platéia quando
disse que fará todo o possível para impedir que o Porto Sul saia do papel.
Ele já deu parecer contrário à construção. Depois dos discursos
iniciais, o plenário foi aberto para perguntas. Foi quando o Greenpeace deu
início aos seus protestos, abrindo uma faixa que dizia “Porto Sul, muito
mais destruição”, numa clara referência que o Porto Sul criou para se
vender à população local, “Porto Sul, muito mais que um porto”.

Ao longo dos blocos de perguntas, ativistas do Greenpeace, vestidos como as
populações que sofrer os impactos do projeto, abriram outras faixas
detalhando a devastação que a obra vai trazer para a região.
‘Pescadores’ seguraram faixa que dizia “Porto Sul, muito menos
peixe”. A carregada por ‘Turistas’  ecoava: “Porto Sul, muito menos
praia”. As duas últimas apontavam que a obra traria impactos para a
saúde e a segurança. O Greenpeace é contrário a construção do
complexo, sobretudo, por conta de seu impacto sobre a vida marinha, já tão
ameaçada pelo aquecimento global, a pesca ilegal e a falta de
fiscalização.

Além disso, existem alternativas claras ao projeto, que poderia muito bem
ser deslocado para áreas já degradadas na Bahia, como o Porto de Aratu.

“Agora precisamos aguardar a decisão do IBAMA. Esperamos que ela seja em
defesa das comunidades costeiras e da biodiversidade marinha”, completa
Leandra.
Veja o vídeo produzido por celular durante a intervenção de Leandra Gonçalves na audiência.

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