Ameaçados de despejo, índios Kaiowá integram protestos pelo país
27 de outubro de 2012 • 17h14
Retirar o povo da floresta de sua residência, é matar uma cultura. Suas histórias de vida estão ali, a que ponto chegamos ! com a nossa ausencia de valores culturais , nada vale mais do que os interesses de um sistema econômico. Parece ser fácil largar tudo, mas não é !. Eles precisam ser respeitados, não vamos regredir , os portugueses quando aqui chegaram tentaram exterminar toda uma cultura, achando que haviam descoberto as terras, que ja possuiam donos; OS ÍNDIOS. Não podemos repetir erros novamente. Respeitem o povo da floresta !!. Eles não podem serem ALVOS!, ajude quem poder !! , estendam a mão ao povo da floresta !, que eles sejam FLECHA E NÃO ALVO DOS INTERESSES ECONÔMICOS, este momento é difícil e complicado.
Na imagem uma revelação de suas necessidades, as índias estão preparadas com estas tatuagens , o recursos para isso foi retirado da natureza, local onde eles vivem, respeitem isso !!! Nós vamos a loja comprar tinta para pintar tecidos, casa etc. , eles não !!vão a floresta, no seu próprio entorno buscar seus produtos necessários para atender e referenciar uma cultura, que convive com eles anos e anos. Pensem Nisso !!!! Homens brancos !
Carta de índios da comunidade Pyelito Kue foi interpretada como uma suposta ameaça de suicídio coletivo
Foto: Katia Carvalho/Futura Press
- Stéfano Santagada
A recente divulgação de uma carta de índios Guarani-Kaiowás,
interpretada como ameaça de suicídio em massa, não foi a primeira
polêmica envolvendo representantes da tribo. Antes de publicar em redes
sociais o texto que cita a "morte coletiva" dos índios diante de uma
suposta determinação judicial para que deixem uma área no Mato Grosso do
Sul, os Kaiowás integraram protestos em outros estados brasileiros.
Na semana passada, os indígenas estiveram em São Paulo e Altamira (PA) -
a cerca de 3 mil km do Mato Grosso do Sul -, protestando contra a
construção da Usina de Belo Monte. No último dia 19, participaram de ato
na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em favor dos povos indígenas
brasileiros.
O coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no
Estado, Flávio Vicente Machado, afirma que existem "redes de
articulação" entre lideranças indígenas para a organização destes atos.
Segundo ele, os deslocamentos são custeados com recursos próprios e, em
alguns casos, pelos organizadores dos eventos.
A mais recente e reverberante manifestação pública foi contra a
reintegração de posse de uma área ocupada pelos Kaiowás em Iguatemi (a
450 km de Campo Grande), disputada com fazendeiros desde 2002. Na carta,
eles afirmaram que o despejo dos moradores da aldeia significaria
decretar a morte dos 170 índios, incluindo 70 crianças.
O anúncio da liminar foi feito na semana passada, mas na última
sexta-feira, a Justiça sul-matogrossense esclareceu que a liminar é para
a manutenção da posse, e não reintegração. Ou seja, os índios podem
permanecer na área enquanto a questão não é resolvida.
A situação, no entanto, chamou atenção para conflitos envolvendo a
etnia Guarani-Kaiowás, o segundo maior agrupamento indígena do Brasil.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), são cerca de 45 mil
pessoas da etnia espalhadas em pequenas áreas, principalmente, no sul do
Estado de Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Funai, a disputa em Pyelito Kue "não é um caso
isolado". "Comunidades Gurani-Kaiowá de toda a região enfrentam graves
problemas e ameaças à vida", diz a entidade, em nota.
Para Flávio Vicente Machado, os constantes conflitos por terra entre
índios e fazendeiros têm provocado o aumento da violência nas
comunidades. "A situação chegou a esse ponto devido à omissão do Estado
brasileiro. A carta (da comunidade Pyelito Kue) traz o anseio de todo um
povo, um povo que está sendo assassinado pela omissão do governo", diz.
"Os algozes dos índios estão no Mato Grosso do Sul e em Brasília",
conclui.
Conforme o Cimi, estudos comprovam que a etnia viveu na região até a
década de 1920, quando a expansão agrícola começou a expulsar os índios
do local. O processo se acentuou há cerca de 40 anos, com a introdução
das lavouras de soja na localidade. "Há farta documentação que comprova a
ocupação histórica dessa região pelos Kaiowás", defende Machado.
Para ele, desde então, houve um "confinamento" de índios em pequenas
comunidades. Segundo o coordenador, a retomada das terras pelas
comunidades indígenas se iniciou apenas na década de 1980. A partir daí,
contudo, ocorreu um forte aumento no número de assassinatos de
lideranças e conflitos entre índios e agricultores.
"O Mato Grosso do Sul é rico, e a nossa situação é de violência e
precariedade. Estamos apenas lutando pelo nosso direito. O nosso futuro
está na nossa terra e o governo tem que respeitar o nosso espaço. É para
isso que lutamos", afirma o vereador Otoniel Ricardo (PT), da cidade de
Caarapó (MS), membro do conselho da Aty Guasu, que representa os
Guarani-Kaiowás.
Em manifesto publicado pelas redes sociais, a Aty Guasu afirma que a
etnia se encontra em processo de "genocídio". "Esses fatos levam os
índios ao estado de desespero e medo. Por isso, pensam em resistir e
reagir, para morrer todos juntos", disse o grupo.
Suicídios
Diante da repercussão da carta da comunidade Pyelito Kue, entidades e
lideranças indígenas negaram que o texto anuncie um "suicídio coletivo"
no local. Segundo o vereador Otoniel, a mensagem foi mal interpretada
pela população. "Não é verdade. Isso não vai acontecer. Suicídio é um
tema muito pesado para nós", disse.
Em comunicado, a Aty Guasu também refutou os rumores. "Os Kaiowás
falam em morte coletiva no contexto da luta pela terra, ou seja, se a
Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em
tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos
nela, sem jamais abandoná-las".
A despeito das negativas, os suicídios têm se tornado prática comum
nas comunidades Kaiowás. Segundo dados do Cimi, a cada semana um jovem
da etnia tira a própria vida - nas últimas três décadas foram mais de
1,5 mil casos. Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU)
divulgado em 2010 afirma que a taxa de mortes do tipo entre Kaiowás foi
19 vezes maior que a média nacional na década passada. A maioria dos
casos ocorreu entre jovens na faixa dos 15 aos 29 anos.
Mesmo com o alto índice, o coordenador do Cimi na região afirma que o
suicídio não é uma característica do grupo indígena. "Não é cultural,
não há registros disso na antropologia", diz. Segundo ele, os casos são
uma consequência da "falta de perspectiva de se viver no próprio
território".
http://noticias.terra.com.br/brasil/ultimasnoticias/0,,EI306-SUQ,00.html
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